No caso do Tupi, ao longo dos
anos, o clube teve diversas torcidas organizadas, algumas sumiram com o tempo,
outras permanecem atuantes e muitas outras vêm aparecendo sistematicamente,
demonstrando a paixão de muitos juizforanos pelo Galo e sua importância para o
desporto municipal. O Galo já teve alguns torcedores símbolos, que marcaram a
história do clube, como o excêntrico “Ângela Maria” e Cirene Barbosa dos Reis,
conhecidos na década de 80 como torcedores símbolos do Tupi. Nomes como João
Delvaux também devem ser citados, pois este guarda em seu arquivo pessoal todos
os ingressos dos jogos do Tupi que ele compareceu, incluindo jogos fora de Juiz
de Fora, um marcante para João foi em 97 contra o CSA em Alagoas, quando o jogo
empatou em 1 a
1 e o Tupi chegava assim as finais do Brasileiro da Série C daquele ano.
As torcidas organizadas mais
representativas nos últimos anos são a Tupirados, torcida criada em 1997 no
bairro de Santa Terezinha, e a Tribo Carijó, torcida fundada em 2006, e que vem
sendo uma das mais participativas nos últimos anos, inclusive viajando para assistir
as partidas do Galo fora de Juiz de Fora.
Além destas, o Tupi compreende outras torcidas organizadas como a Net
Tupi, Fúria Carijó, Máfia Carijó, Galosul, Galo da Hora, Torcida Galo Carijó,
Tupimus, Tupinga, Galo do Litoral e Império Alvinegro.
Além das torcidas organizadas, surgiu
em 2012, através da união de alguns carijós apaixonados, a Associação Amigos do
Tupi (AAT), com o objetivo de colaborar com o clube de uma forma diferenciada
como explica o presidente da AAT Lucas Oliveira:
O motivo da criação da Associação foi uma
maneira de criar algo diferente de torcida organizada, onde somos registrados,
e com CNPJ cadastrado na receita federal, nos tornando assim, uma instituição
com mais respeito e credibilidade, também fazendo com que principalmente
torcedores de outras cidades, participarem mais ativamente do dia-a-dia do
clube. Em pouco mais de um ano de criação da Associação, já alcançou resultados
bem sugestivos para uma associação, hoje conseguimos ser reconhecidos e respeitados
por jornalistas e pela diretoria do Tupi, quando inclusive somos consultados em
alguns projetos idealizados pelo clube.[2]
O que mais caracteriza o
torcedor, a princípio de Juiz de Fora, e conseqüentemente do Tupi, é a extrema
exigência. Esta é uma questão quase que unânime, quando se trata dos torcedores
juizforanos. Os torcedores do município não se satisfazem com pouco, nota-se
perfeitamente isso no público que comparece aos estádios da cidade, pois é
notória a presença deles quando um time se encontra bem ou com um bom time, aí,
é sucesso garantido, exemplo dos anos que o Tupi esteve bem representando em
torneios estaduais ou nacionais, a média de público sempre era uma das
melhores, perdendo muita das vezes somente para os clubes ditos grandes. Agora,
nos momentos de baixa do clube, quando o time não aspirava muita confiança ou
os resultados não eram satisfatórios, a presença nos estádios era quase nula,
exceção feita somente para os verdadeiros apaixonados, que não perdem uma só
partida, independente do momento vivido pelo clube, mas estes são a minoria.
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Integração time e torcida sempre foi uma marca carijó |
Um
outro fator que assola a torcida juizforana, e que divide opiniões é com
relação à empatia dos torcedores da cidade pelo clubes do Rio de Janeiro, em função
da influência cultural do Rio sobre Juiz de Fora, que vem de muito tempo, fruto
da proximidade, pois o Rio está a 220 Km de distância da Manchester Mineira, além
das influências dos programas de Televisão, Rádio e Impressos, que em sua
maioria vêm do estado Fluminense. Para alguns não tem qualquer interferência, entretanto,
para outros é um dos motivos dos insucessos dos times do município, é o caso de
Áureo Fortuna, em entrevista ao autor, aponta que a influência do Rio de
Janeiro desvaloriza não só o futebol, mas outros setores também, mas entende
que, quando o clube está bem a torcida apoia e volta todas as sua atenções para
ele:
A proximidade com o Rio de Janeiro como é
notório traz desvalorização não só ao TUPI, mas também a outros setores da
economia regional. No entanto, se o TUPI for bem em um campeonato há um
deslocamento das atenções para este clube. As pessoas se empolgam e isso traz
de certa forma influência na auto-estima de outras pessoas que passam a anunciar
o time pelo qual torcem. [3]
Entretanto, estas opiniões são divergentes; o jornalista Paulo César
Magela, por exemplo, discorda desta teoria, e acredita que dá para conviver
tranqüilamente com as duas situações:
A
princípio é essa a impressão que fica, mas eu não acho que seja não, porque
quando o Tupi ta bem a torcida responde. A questão não é a ligação com o Rio, a
questão é se o time ta bem ou não, porque o time estando bem a torcida
responde, e como tem acontecido nos últimos campeonatos com casa cheia, uma das
melhores rendas, então não tem nada haver. Então quando o time ta bem a torcida
vai. Mas na verdade o que existe é uma bigamia, a gente torce pro Tupi, ou pro
Tupynambás, mas torce também pro Flamengo, pro Vasco, pro Botafogo e pro
Fluminense, quer dizer uma bigamia saudável no futebol, mas a prioridade, e
sempre foi aqui pela equipe de esporte da Solar cobrir os jogos do Tupi, jogos
do Sport, do Tupynambás, e tinha resposta. Nos anos 60, nós tínhamos os
campeonatos regionais, aí era legal, casa cheia, que prevalece até hoje, os
antigos ainda lembram, naquele tempo...fulano...quer dizer e o Rio de janeiro
naquele tempo estava na ponta dos cascos, e mesmo assim a prioridade, essa
empatia não acabava, não tinha problema nenhum. Dá pra se conviver bem com as
duas famílias. [4]
O jornalista e professor
Márcio Guerra também tem opinião similar, e não vê prejuízos ao futebol da
cidade, pelo fato do torcedor do município ter um outro time (além do time da cidade):
O fato de torcermos para os clubes do Rio,
isso não causa qualquer prejuízo ao nosso futebol. Te asseguro isso. O fato de
ser apaixonado pelo Botafogo, não me faz menos Sport. Nem aos outros
torcedores. Esse foco desvia da questão principal, que é o de não termos
estrutura profissional para montarmos um grande time, competitivo e que nos
permita também ter orgulho dele, como dos times do Rio, São Paulo, Belo
Horizonte. Acho que esse deve ser cuidado maior. Esse argumento é frágil diante
da grandeza do tema proposto. [5]
Para Tarcísio Delgado,
esta influência existe de fato, e deveria ser melhor aproveitada pelos clubes
locais:
Eu acho o seguinte, eu acho que esta
influência existe, no futebol muito, e eu acho que Juiz de Fora poderia tirar
um grande proveito disso, principalmente no futebol, porque ao invés do Tupi
fazer uma parceria com os times de Belo Horizonte, que só tem dois, poderia ser
feita uma pareceria com os times do Rio de janeiro, é muito mais fácil, para um
jogador que atua no Flamengo, no Fluminense, no Botafogo e no Vasco, que não ta
bem lá e poderia vir jogar aqui, eles preferem, porque que é muito mais perto,
já que tem muito jogador que vai jogar no Nordeste, fica longe da família e
tudo, então os clubes daqui poderiam lucrar muito com isso, com esse intercâmbio
com o Rio de janeiro, eu acho que um time como o Tupi deveria ter uma parceria
muito forte com um time do Rio. [6]
O especialista em gestão e
marketing esportivo Guilherme Tolentino afirma que a culpa do baixo número de
torcedores no estádio é da direção do clube:
O Tupi tem torcida, mesmo que ausente nos
jogos. Em 2012, no acesso à série C, o clube conseguiu atingir ótimos públicos.
Eles querem ajudar e apoiar o clube, mas estão cansados de sofrer com o pouco
caso da diretoria, o pouco ou mau investimento no time, a pouca participação na
construção do clube de forma geral.[7]
Para a ex-assessora de
imprensa do Tupi, Flávia Cadinelli, o Galo ainda é tratado de forma secundário
pelos torcedores da cidade:
Certamente. Flamenguistas, botafoguenses,
vascaínos e tricolores apaixonados vivem em Juiz de Fora, tendo então como
referência grandes times que colecionam títulos, e que são gerenciados como
empresas – possuem estrutura para profissionais e torcedores incomparável com a
realidade local. Então, a comparação existe fortemente. Parte desses chamados
“cariocas do brejo” até simpatizam com o Galo Carijó por serem nascidos em Juiz
de Fora, mas é uma paixão secundária.[8]
Contudo, essa situação
sempre gerou e ainda vai gerar discussões por muito tempo, entretanto, ela
poderá terminar no dia em que um time de Juiz de Fora se tornar competitivo,
vencedor, e que consiga disputar de “igual para igual” com as grandes equipes
do país, com isso, talvez, essa bigamia citada por Paulo César Magela possa
diminuir e o torcedor juizforano possa então defender o seu time, seja ele o
Tupi, o Tupynambás ou o Sport como o seu time número um.