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O "Fantasma do Mineirão" |
Em seguida, a surpreendente derrota do Cruzeiro para aquele time
do interior, estimulou o Atlético Mineiro a convidar o Tupi para um amistoso em Belo Horizonte , no
Estádio do Mineirão. Mesmo com o apoio da grande torcida atleticana, o time
dirigido por Paulo Amaral, caiu diante dos carijós de Juiz de Fora, por 2 a 1.
Com o objetivo de descontar as derrotas anteriores dos grandes da
capital diante do Tupi, cabia ao América Mineiro tal feito, pois o Tupi vinha
desmoralizando os times de Belo Horizonte. O América, dirigido por Yustrick,
acabou, também, sendo sucumbido pelo Tupi dentro do Mineirão, novamente com o
placar de 2 a
1.
Diante da desmoralização completa por parte dos times da capital,
o América propôs ao Tupi um pentagonal, porém apenas quatro equipes disputaram
o torneio, pelo fato do Palmeiras ter desistido de jogar. Novamente frente a
frente com o Cruzeiro, agora dentro do Mineirão, o Tupi, mais uma vez,
surpreenderia e venceria a equipe azul por 2 a 1. Aquele resultado acabou fazendo história
para o Tupi, e a aquela equipe, depois de bater os três times da capital,
Cruzeiro, Atlético e América dentro do Mineirão, num curto espaço de tempo,
passava a ser conhecida como o “Fantasma do Mineirão”. Na seqüência do torneio
o Tupi viria ainda a empatar com o Botafogo em 0 a 0, e perderia a decisão
para o América Mineiro.
O ilustre Geraldo Magela
Tavares, em entrevista, recorda que a decisão do Campeonato Regional foi entre
o Olympic e o Tupi, em 1965, e o Tupi ganhou de 3 a 2, em Barbacena, e de 4 a 0 em Juiz de Fora. Como
gratificação aos jogadores, o presidente do Tupi trouxe o Cruzeiro de Belo
Horizonte que tinha Raul, Pedro Paulo, Willian, Procópio, Neto, Dirceu, Tostão,
Evaldo, Hildo Oliveira, Zé Carlos:
... era um timaço, e vieram a Juiz de
Fora, talvez este seja o maior momento vivido por mim no Tupi. O Cruzeiro veio
a Juiz de Fora e perdeu para o Tupi. Nós estávamos ganhando de 3 a 0 e o jogo acabou 3 a 2. O Atlético Mineiro
convida o Tupi logo em seguida para ir a Belo Horizonte, ele que era o vingador
e tava montando um grande time, e isso já era em 1966, o Atlético tava montando
um grande time, já em janeiro de 66, para disputar o campeonato mineiro, o
treinador era o Paulo Amaral, que tinha sido da Seleção Brasileira, e nós fomos
lá, jogar contra o ”Galo Vingador”, E não vingou nada, nós ganhamos de 2 a 1. [1]
Geraldo
Magela lembra ainda que o América também, pretendendo ser o vingador, convidou
o Tupi para jogar. O Tupi venceu de 2
a 1. Em seguida, o América faz um torneio, comemorativo
do seu aniversário: participaram Cruzeiro, América, Tupi, Botafogo:
...enfim aqueles clubes de Belo Horizonte,
ganhamos outra vez do Cruzeiro. Então a imprensa de Belo Horizonte ficou assustada,
que time é esse, isso é um fantasma, aí foi criado o “Fantasma do
Mineirão”. Esse foi o grande momento. [2]
O sucesso do Tupi naquela
época fez com que a equipe sofresse comentários de todo o Brasil, chegando a
ser convidado pela Seleção Brasileira, que disputaria a Copa do Mundo de 66 na
Inglaterra, a participar de jogos treinos com a Seleção de Pelé em Caxambu,
afim de se preparar para o Mundial. Esta equipe de tantas façanhas era formada
por: Waldir, Manoel, Murilo, Dário, Ely Flores, França e Mauro, João Pires,
Toledo, Vicente, Eurico (Amarildo), comandados por Geraldo Magela Tavares.
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Geraldo Magela e Toledo, principais nomes do "Fantasma do Mineirão" |
O segredo deste grande time foi o “amor à camisa” praticado pelos
jogadores, pois quase todo o elenco era formado por “pratas da casa” do Tupi,
atletas nascidos em Juiz de Fora e que tinham muito respeito pela cidade e pelo
clube, esse fator refletiu em campo, e o Galo carijó pôde então conquistar
resultados expressivos e ser definitivamente reconhecido no cenário nacional,
como ressalta Magela:
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Eurico e Toledo nos vestiários do Mineirão após vitória de 2 a 1 sobre o Atlético em 66 |
Eu assumi e adotei a prática de aproveitar
a prata da casa, Waldir que era um dos goleiros, era de Juiz de Fora, Manoel,
Murilo e Walter, de Juiz de Fora, Dario era de Pirapitinga, mas foi formado no
juvenil do Tupi, França e Mauro de Juiz de Fora, João Pires, Toledo, Vicente e
Eurico, enfim, dos 11, 9 eram de Juiz de Fora, então o que aconteceu foi um
amor a cidade, amor ao clube, e o conjunto harmonioso que formou. Eles tinham
um grande amor a camisa, um grande amor a cidade, e aquilo fez com que eles se
transformassem, este foi o grande segredo, aproveitar praticamente a prata da casa,
o que não se faz hoje. [3]
O Tupi voltaria a disputar o Campeonato Mineiro em 1969,
terminando na oitava posição. Esse grande momento do clube, infelizmente, durou
por pouco tempo e os momentos difíceis seriam a tônica dos anos 70.